quarta-feira, 4 de março de 2015

A menina do guarda chuva vermelho.

 
Lá estava ela sentada debaixo do salgueiro olhando o lago. Não sei se olhava para o lago ou se observara seu próprio reflexo na água. Nada se ouvia além do vento e das andorinhas que no salgueiro repousavam.
Fiquei a observar ela e seu guarda chuva vermelho. O vento soprava forte e as folhas do salgueiro balançavam de um lado para o outro enquanto ela permanecia ali estática, apenas olhando para o lago. Depois deitou-se na relva e olhou por minutos as folhas do salgueiro a balançar com a força do vento.
Isso intrigava-me e hipnotizava-me a ponto de não conseguir sair dali e observar aquela cena. A menina sentou-se, pegou um livro de sua bolsa e começou a lê-lo. Percebi que iria demorar, mas continuei a observa-la. Passou-se o tempo, ela deu risadas, brincou com um cachorro que passou e ao entardecer olhou para o lago como se estivesse a despedir-se dele.
O vento começou a soprar mais forte e as nuvens se juntaram no céu, uma pequena garoa começou a cair... Rapidamente ela abriu seu guarda chuva vermelho e pôs-se a caminhar em direção à cidade.
Todas as tardes ela voltava e fazia a mesma coisa. Nunca entendi o que ela tanto olhava para o lago e deitada no chão sempre observava as folhas do salgueiro balançando de lado a outro. Com o tempo parei de observa-la e percebi que era somente uma menina com seu guarda chuva e suas descobertas. Confesso que um dia, fui até o salgueiro e olhei do ponto onde ela se colocava. Apenas vi o lago com seus peixes e pedras, nada demais para mim. Olhei para o salgueiro e perguntei: O que tanto faz aqui a menina do guarda chuva vermelho? Ele em sua plenitude apenas balançou suas folhas.
(Nathara P. Souza)


Nenhum comentário:

Postar um comentário