Lá estava ela sentada debaixo do salgueiro olhando o lago.
Não sei se olhava para o lago ou se observara seu próprio reflexo na água. Nada
se ouvia além do vento e das andorinhas que no salgueiro repousavam.
Fiquei a observar ela e seu guarda chuva vermelho. O vento
soprava forte e as folhas do salgueiro balançavam de um lado para o outro
enquanto ela permanecia ali estática, apenas olhando para o lago. Depois
deitou-se na relva e olhou por minutos as folhas do salgueiro a balançar com a
força do vento.
Isso intrigava-me e hipnotizava-me a ponto de não conseguir
sair dali e observar aquela cena. A menina sentou-se, pegou um livro de sua
bolsa e começou a lê-lo. Percebi que iria demorar, mas continuei a observa-la.
Passou-se o tempo, ela deu risadas, brincou com um cachorro que passou e ao
entardecer olhou para o lago como se estivesse a despedir-se dele.
O vento começou a soprar mais forte e as nuvens se juntaram
no céu, uma pequena garoa começou a cair... Rapidamente ela abriu seu guarda
chuva vermelho e pôs-se a caminhar em direção à cidade.
Todas as tardes ela voltava e fazia a mesma coisa. Nunca
entendi o que ela tanto olhava para o lago e deitada no chão sempre observava
as folhas do salgueiro balançando de lado a outro. Com o tempo parei de
observa-la e percebi que era somente uma menina com seu guarda chuva e suas
descobertas. Confesso que um dia, fui até o salgueiro e olhei do ponto onde ela
se colocava. Apenas vi o lago com seus peixes e pedras, nada demais para mim.
Olhei para o salgueiro e perguntei: O que tanto faz aqui a menina do guarda
chuva vermelho? Ele em sua plenitude apenas balançou suas folhas.
(Nathara P. Souza)
Nenhum comentário:
Postar um comentário